segunda-feira, 22 de outubro de 2012

A odisseia da homossexualidade na adolescência


 
Publicado pela BandPress
Artigo de Arnaldo dos Anjos
 
É espantoso constatar que em pleno século 21, tempo de grandes saltos tecnológicos e de informação sendo despejada por todos os lados para todo que qualquer um que as busque, ainda presenciemos situações com claros resquícios da barbárie inerente -embora inaceitável- ao ser humano. Pior é perceber que a família, que em tese deveria ser a responsável não só por atender as necessidades básicas de um adolescente, mas também orientá-lo e principalmente protege-lo, seja no fim das contas, em muitos casos, o próprio agente opressor.
 
Não é novidade dizer que em função da inquietação e discriminação existentes na sociedade em torno da prática homossexual, a homofobia, o adolescente, temendo ser rejeitado, muitas vezes esconde sua condição e se isola, colocando sua saúde em risco. Neste caso, a família exerce – ou deveria exercer - papel fundamental no direcionamento destes adolescentes. Lamentavelmente isso é muito mais uma exceção do que a própria regra.
 
Presenciei, não de forma passiva, a exposição pública e vexatória de um rapaz de 16 anos pelo pai que acabara de descobrir que o adolescente era homossexual. Além de espanca-lo em publicamente na frente dos amigos e do namorado do garoto, o pai em sua clara demonstração de pátrio poder e masculinidade vociferava toda sorte de injúrias contra aquele ao qual devia proteger, acolhere respeitar. Mesmo em meio ao protesto dos passantes, o homem não se intimidou e em alto e bom tom declarou que “preferia um filho ladrão, um drogado, um assassino, mas viado não”.
 
Creio que tudo que eu possa dizer á respeito, toda minha indignação e profunda tristeza não serão em absoluto coisas novas. Lamentavelmente vivemos numa sociedade homofóbica que discrimina com violência a homossexualidade, fazendo com que homossexuais se exponham a riscos para a saúde por medo de terem a sua orientação sexual revelada.
 
Por conta desta segregação sofrida pela sociedade e em muitos casos pela própria família, jovens se lançam em segredo numa vida desregrada de promiscuidade em que buscam através da prática sexual inconsequente o preenchimento de seu vazio existencial. Sua autoestima é abalada ao ponto destes jovens aceitarem os estigmas que lhes são impostos. Postos como escória, comportam-se como escória. Isso sem contar a quantidade espantosa de jovens homossexuais que sucumbem ás pressões e perseguições sofridas em seu ambiente de convívio e terminam por cometerem suicídio. Seria essa a modernização do clássico de Shakespeare, onde os amantes impossibilitados de entregarem-se ao sentimento tão vivo e puro dentro de si, encontram na morte a solução para a questão?
 
Lembremos que, nenhum valor, seja ele religioso, político, ideológico, se sobrepõe ao humano. E que pouca valia há em lamentar a perda de um filho, seja para as drogas, para a prostituição, para a morte, entre tantas outras possibilidades, sem que antes tenha se esgotado todas as possibilidades de auxílio, pautadas na compreensão, na tolerância e no respeito ao ser humano em questão.
 
“Triste época! É mais fácil desintegrar um átomo do que um preconceito.” Albert Einstein, genial como era. Atual como é!

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