quarta-feira, 19 de setembro de 2012

"Demonização eleitoral dos gays", por Gilberto Dimenstein


 
 
Publicado pela Folha
Por Gilberto Dimenstein
 
A nota da Igreja Católica contra Celso Russomanno é baseada num artigo leviano do bispo licenciado da Igreja Universal e coordenador de sua campanha, acusando os padres de estimular a distribuição do chamado "kit-gay". Essa é uma obsessão religiosa de evangélicos, católicos, islâmicos e judeus --e fonte de perversidades.
 
Está aí um bom momento para debater essa questão, já que, por conta das eleições municipais, entrou na agenda --e da pior forma possível. Os homossexuais são vítimas cotidianas de diferentes tipos de violência, a começar nas escolas, onde se formam ou se reforçam os preconceitos. O que devem fazer os governantes? Ficar de braços cruzados em nome dos princípios religiosos?
 
O sensato --mais do que sensato, a obrigação-- dos governantes é tentar ajudar os estudantes a saber conviver e respeitar a diversidade. Ou devemos levar para dentro das escolas cartilhas religiosas que estimulem a segregação?
 
O chamado "kit gay" foi preparado por educadores e especialistas para evitar a violência que acompanha a demonização das minorias. Mas como evangélicos fazem parte da base do governo, Dilma Rousseff ajudou a enterrar essa material. Como se sabe, o PRB apoia seu governo.
 
Mas como religião vira cada vez mais assunto eleitoral, com a conivência dos candidatos e dos partidos, somos obrigados a ver olhares medievais orientando políticas públicas.
 
O pior é que os gays, já massacrados normalmente, não sabem nem reagir e apanham calados. Mas eles ajudam a projetar o melhor de São Paulo: ser uma cidade da diversidade.

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