quarta-feira, 18 de abril de 2012

"Rótulos são para potes de geléia" Por Dan Hapoza



Por Dan Hapoza para a Revista Lado A


Por que misturamos e confundimos gênero e sexo? Por definição, sexo são as diferenças biológicas entre seres do sexo masculino e feminino, nossos níveis hormonais, cromossomos, e órgãos sexuais; Gênero, por outro lado, define as características e normas que um determinado meio (sociedade, cultura) determina como adequadas para pessoas de ambos os sexos.

Porém, esses papéis sociais são diferentes. Enquanto que nas Américas o mero contato físico entre pessoas do mesmo sexo é visto como um ato homossexual e motivo de piadas entre amigos, na Índia é considerado comum homens publicamente andarem de mãos dadas e se cumprimentarem com beijos no rosto entre si, não com as mulheres. Portanto, gênero é algo fluído. Pessoas podem nascer em um determinado sexo mas se identificarem mais com atitudes esperadas do gênero oposto, sendo de forma moderada, tanto como a transexualidade, a identificação completa com o outro gênero. Mas desta forma ainda tenta-se adequar aos padrões impostos pela sociedade, mesmo que não seja o esperado para o seu sexo.

Mas sendo o gênero fluído, por que devemos tentar nos adequar a estes padrões? Ao meu ver, tentar se transformar em algo que você não é biologicamente, não o tornará tal, portanto uma mulher transexual é sim uma mulher, mas nunca será um ser do sexo feminino. Tentar se adequar aos sistemas heteronormativo e homonormativo parece-me gerar mais sofrimento do que felicidade, aí é que está a vantagem de abstrair de todas estas regras – afinal, regras foram feitas para serem quebradas. Não querer se adaptar à binariedade de gêneros não é um ato de rebeldia, e sim ser livre e poder expressar quem você realmente é, sem ter um rótulo impresso em nossas testas como se fôssemos produtos de supermercados. Ser não-binário é prático, se quisermos ficar descontraídos e sair à rua de bermuda e chinelo, podemos, em contratempo conseguimos fazer uma produção toda drag, faremos, não há problema quanto à isso. Mas obviamente gênero não é a forma como nos vestimos e agimos, é só uma forma de expressar esta identificação ou falta de.

Há mulheres perfeitamente femininas que se sentem mais confortáveis realizando atividades tipicamente masculinas, as famosas “tomboy”, como é o caso da estrela de reality show Débora Rodrigues. Não importa qual a sua identidade sexual, o importante é fazer o que realmente quer e sente, nisto que está a beleza de se libertar destas normas desnecessárias.

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