segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Escritor lança livro sobre dieta gay - e garante que funciona

Visto em O GLOBO

Para Simon Doonan, comidas com toque homossexual são a chave para um corpo em dia 

Jeff Gordinier, do New York Times

Simon Soonan, autor e humorista, divide o mundo da gastronomia entre gay e hétero no livro 'Gay men don't get fat' Foto: Reprodução
Simon Soonan, autor e humorista, divide o mundo da gastronomia entre gay e hétero no livro 'Gay men don't get fat' Reprodução
Meu sanduíche transbordando queijo acaba de chegar e Simon Doonan me reprova:

— Você tem que ficar alerta quando um panini vem em sua direção, porque eles contêm uma quantidade enorme de carne e queijo — diz o autor, humorista provocador e embaixador criativo da Barney’s New York. — Sanduíches não são tão pequenos quanto parecem. E há acompanhamentos como este guacamole com, quelle horreur, batatas fritas.

Como se repudiasse um vampiro, Doonan segura seus talheres em forma de cruz.

— Há uma quantidade letal de gordura no guacamole — ele continua. — Uma amiga foi para o México e eu disse a ela que, caso fosse sequestrada, dissesse aos raptores: nada de abacate! Você não pode comer isso enquanto está confinada. Vai ficar enorme!

Espere aí! O abacate não deveria ser bom para a pele?

— Talvez, se você aplicá-lo diretamente sobre ela — diz.

De qualquer modo, minhas batatas fritas estavam erradas.

— Batatas gays são assadas. As hétero são fritas em imersão. Simples assim — conta Doonan.
Magro e cheio de energia aos 59 anos, ele dá seu melhor para me guiar entre os sabotadores de dieta de um almoço nova-iorquino. Para ele, meu problema não é apenas minha tendência para comer muito, mas o fato de comer como um heterossexual. Se eu quiser emagrecer depois das festas, devo tentar comer como um gay.

Uma das ideias do novo livro de Doonan, "Gay men don’t get fat", é que as opções gastronômicas do mundo podem ser divididas em duas categorias: gay e heterossexual. Procurar uma dieta capaz de equilibrar os dois pode ser a melhor maneira de ficar esbelto. Pense nisso, caso precise, como alimentação bissexual.
— Misture — me ordena Doonan. — Gays não vivem cortando o cardápio porque comem apenas comida gay.

De fato, Doonan selecionou o local de nosso jantar (o bar e grill Knickerbocker no Greenwich Village) pelo cardápio.

— É uma ótima mistura de gay e hétero — ele diz, enquanto examina o menu. — Apenas a expressão salada de rúcula e você já sabe que há opções gays. Mas elas estão equilibradas com clássicos, como um bolo de carne moída feito com black angus que é o Burt Reynolds das comidas — ironiza.

Salada caesar é hétero

Comer com Doonan é como almoçar com o sobrinho-neto de Oscar Wilde. Satírico, ele usa estereótipos que circulam há 30 anos. Mas há momentos em que suas ideias sobre a orientação sexual da comida são úteis. Comida hétero, de acordo com ele, tende a ser pesada, cheia de proteína e gordura.
— A comida britânica era muito hétero quando eu era criança — diz. — Cozidos horrorosos e vegetais de cor cinza. Ela foi afrescalhada e ficou incrível.

Para ele, a comida gay é mais leve e colorida. Parece ter direção de arte.

— É mais decorativa e frívola. Não posso acreditar que um hétero que gosta de carne possa entrar em uma loja de macarons. Se quiser arruinar a carreira de um político, basta fotografá-lo comprando macarons — explica Doonan, que usa a palavra "lésbica" para descrever comidas saudáveis e da terra.

— Azeite orgânico, mingau de aveia e gérmen de trigo — diz. — Uma fatia grossa de pão integral é ao mesmo tempo ferozmente lésbica e heterossexual.

Comida mexicana? É o máximo em comida hétero. Sushi? O oposto.

— Comida japonesa é comida gay de verdade — brinca Doonan. — Fui a restaurantes no Japão onde eles trazem uma melancia inteira recheada de gelo. No interior, uma pequena peça de sushi cor-de-rosa. Basicamente, pedaços de peixe são transformados em delicados bombons, e isso me parece excessivamente gay — diz.

Muitas das generalizações do livro têm a ver com os hábitos alimentares dos heterossexuais.

— Tenho amigos hétero e muitos deles estão com formas diferentes da minha, estão corpulentos.

Durante o almoço, ele tenta me colocar longe das minhas previsíveis escolhas heterossexuais, me aconselhando a pedir uma salada. Pensei em começar com uma salada caesar, ele tremeu e, depois de um suspiro, disse:

— A caesar é heterossexual, pois leva muitos ovos.

Vestindo um blazer Thom Browne de veludo e uma camisa com estampa Liberty feita sob medida, Doonan opta por uma salada verde seguida por uma pequena tigela de sopa de feijões pretos. E se ele ficasse com fome depois?

— Acredito muito em frutas secas. Figos, tâmaras e passas. Uma ou duas amêndoas, nunca várias. Sabe aqueles saquinhos com um mix de nozes que são oferecidos nos voos? Um hétero rasga e coloca tudo de uma só vez na boca — diz.

Sobremesas são sensíveis

Fico surpreendido que ele não tenha criado regras para os doces, considerando seu grau de autocontrole.

— Deve haver uma sobremesa para você no menu — ele diz, e começa a ler em voz alta. — Churros cobertos com canela e açúcar, servidos com doce de leite ou chocolate. Como se não fossem gordurosos o suficiente! — exclama.

Doonan continua tentando achar algo elementar e hétero para mim.

— Hoje as sobremesas têm sensibilidade gay. Se você procurar por uma torta de maçã básica, não terá sorte — diz.

Ainda vasculhando o cardápio, ele descobre a torta do dia e pergunta ao garçom sobre ela. Trata-se de uma musse de capuccino com crosta de biscoito Oreo e creme.

— Pensei que seriam peras orgânicas, levemente cozidas e com pouca gordura.

Pergunto ao meu companheiro de almoço se ele terminaria a refeição com a tal torta.

— Deus! — exclama Doonan. — Você está louco?

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