Apesar da grande expectativa gerada pela virada prevista para essa semana, a trama entre Nina (Débora Falabella) e Carminha (Adriana Esteves) não é a única que vem despertando paixões e ódios nos espectadores de “Avenida Brasil”. Nos últimos capítulos, a relação entre Suelen (Ísis Valverde) e Roni (Daniel Rocha) tem chamado atenção. Nas redes sociais, há fãs do casal “Ronielen” e a torcida para que os dois fiquem juntos é grande. Um detalhe, no entanto, parece não ser levado em consideração pelo público. Roni é gay, o que, por motivos óbvios, impediria que o amor fosse consumado.
Até então um fato velado na trama, a homossexualidade de Roni foi verbalizada sem meias palavras no último sábado, quando Suelen acusou Leandro (Thiago Martins) de tirar proveito dos sentimentos do colega. No mesmo capítulo, a mãe do garoto, Dolores (Paula Burlamaqui), afirmou ao pai, Diógenes (Otávio Augusto), que tinha esperança de que a ex-periguete “convertesse” o filho. É curioso que essa expressão tenha surgido na trama escrita por João Emanuel Carneiro quando o próprio já foi acusado de propagar a “reversão” da orientação sexual em sua novela anterior.
Para quem não lembra, em “A Favorita”, Orlandinho (Iran Malfitano) era um gay que ainda vivia “no armário”. Durante boa parte da história, foi perdidamente apaixonado pelo malandro Halley (Cauã Reymond). Ao tentar viver de fachada com Maria do Céu (Déborah Secc0), no entanto, acabou engravidando-a num, digamos, “deslize”. E, no último capítulo, assumiu de vez o romance e transformou-se em heterossexual. O desfecho fez com que instituições como a ABGLT condenassem tal abordageme protestassem contra o autor.
Traçando um paralelo, a história de Roni e Suelen parece seguir para o mesmo caminho. A ex-periguete do bairro Divino já tentou levar o colega para a cama e parou de seduzir os homens da comunidade. Da mesma maneira, nos próximos capítulos, assumirá a loja de Diógenes e mostrará ser uma ótima gerente, aumentando as vendas do estabelecimento. Depois de dormir com meia novela e sofrer o diabo nas mãos do cafetão, Suelen parece rumar para uma vida “comum”. E quer o amigo ao lado dela como marido e amante.
Dramaturgicamente falando, ao ceder aos encantos da mocinha, Roni perderá a chance de trazer à baila uma discussão importante. Afinal, muito se fala sobre a homossexualidade entre jogadores de futebol, mas pouco se discute. E, não por acaso, na trama das nove da Globo, o rapaz é um craque. Ao mesmo tempo, é possível entender o por quê do encanto de Suelen por Roni. O autor conseguiu criar um ambiente propício ao romance entre os dois, mas não fez o mesmo no tocante a outros rapazes. Normalmente, o desfecho de tramas como essa parece ser definido pela reação do público e grupos de discussão promovidos pela emissora, que mostra melindres de chocar a sociedade “tradicional” – vide o beijo gay gravado, mas nunca levado ao ar, em “América” (2005). No que depender da opinião pública, as chances de João Emanuel Carneiro se repetir e fazer o mesmo que em “A Favorita” são grandes. Será Roni o novo Orlandinho?
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