quarta-feira, 23 de março de 2011

Assumir, existe um momento certo?


“Hoje os conceitos estão mudados!”
Foi com essa frase que Rodes Guedes começou um texto na revista Tudo Dentro, e lá ele disse que está é a frase mais antiga que conhecemos.
Realmente isso é verdade, o tempo não para, como já dizia Cazuza,mas passa correndo por nós, e muitos acabam ficando parados. O que hoje é considerado moderno, torna-se obsoleto amanhã. O hoje em breve torna-se passado, e tudo que faz parte do passado é considerado antiquado. Ponto final.
Pensando nisso muitos se perguntam: Qual seria o momento certo para se assumir perante a sociedade?
Hoje? Amanhã? Nunca?
Só quem pode responder essa questão é você mesmo. E sim, não é uma decisão fácil de tomar.
Por mais moderna que nossa sociedade prega ser, apenas usam uma máscara de falsa aceitação. Afinal o que mais vemos é essa galera ultra-jovem, que se autodenominam “modernos”, mas que na verdade não aceitam as diferenças e discriminam e ridicularizam pessoas que pensam, ou vivem de forma diferente da grande maioria.
Realmente algumas coisas mudaram, afinal estamos sendo mais divulgados pela mídia em geral, e conquistamos mais espaço e direitos perante a sociedade.
Mas a verdade é ainda existe muitas pessoas hipócritas e covardes, que não aceitam que existem diferenças no mundo e que todos devem ser respeitados.
E sabemos que não é de hoje que existe essa falsa hipocrisia em nossa sociedade.
No final do século XIX, quando todo tipo de pensamento ou expressão eram aceitos, e ultramodernos, o escritor Oscar Wilde (autor de O Retrato de Dorian Gray, excelente livro que já virou filme, e foi estrelado pelo belíssimo Ben Barnes. Leiam o livro e/ou vejam o filme, realmente vale a pena.) foi julgado e condenado pelo estado americano só por ter declarado seu amor (de forma velada) por um jovem em um de seus poemas. Durante o julgamento ele confirmou essa paixão homo e foi condenado à prisão. Quando ele finalmente ganhou a liberdade ele havia caído no ostracismo, afinal foi banido da roda social, e acabou morrendo no esquecimento. Só voltou a receber o devido reconhecimento que merecia décadas depois de sua morte. Isso porque no meio literário as pessoas são muito mais esclarecida do que a sociedade em geral.
Esse tipo de coisa não se limita a apenas algumas partes das rodas sociais. Até mesmo entre astros e estrelas de Hollywood já ocorreram casos marcantes.
Quem realmente curte cinema sabe que Greta Garbo e Marlene Dietrich, uma lésbica e a outra bissexual, foram as grandes estrelas do cinema na década de 30, período em que temas como sexo eram abordados livremente nas telas do cinema, nunca tiveram sossego, pois a mídia vivia fuçando suas vidas particulares em busca de casos homossexuais, elas conseguiram manter a vida discreta e secreta, mas logo depois de morrerem surgiram as biografias não autorizadas. E muitos hipócritas passaram a comentar: Nossa! Você viu quem era sapatão?” “Nossa! Eu gostava tanto dela, e olha o que ela era!” etc.
Pura hipocrisia.
Uma das histórias hollywoodianas mais tristes é a de Rock Hudson (galã da década de 50, era adorado e imitado por multidões) que ficará marcado para sempre como a primeira vitima famosa a morrer de AIDS. Mesmo depois de tantos anos após sua morte, ao invés de ter sua memória lembrada como um dos grandes mitos do cinema (o que realmente foi), é somente mencionado pela sua morte triste e pelo fato de ter sido gay.
Agora me diz: Qual a diferença dele esconder ou não sua orientação, já que ele seria massacrado de qualquer forma pela sociedade?
Se formos pesquisar a fundo encontraremos muitos casos recentes, como os cantores Christian Chaves, Netinho e Rick Martin que assumiram sua orientação sexual apenas depois de já terem se firmado na carreira, por medo do preconceito.
Infelizmente nossa sociedade é muito hipócrita. Mesmo entre os jovens o que mais vemos são pessoas que dizem não se incomodar em ter um amigo gay, ou amiga lésbica, mas que não perdem a chance de fazer chacota. Frases como: “Ele é veado, mas é meu amigo!”, “Ela é sapata, mas é gente fina!”.
Agora me diz, isso é coisa de encher a boca dos ditos moderninhos de hoje? Isso é aceitar ou respeitar?
Eu acredito que não.
Tenho vários amigos e amigas que nem ao menos suspeitam de minha orientação sexual, pois acredito que não preciso assumir para todos que conheço, e essas pessoas enchem a boca para dizer que se fossem homossexuais assumiriam aos quatro ventos e não se importariam com a opinião da sociedade em geral. Mais hipocrisia. Afinal essas pessoas não são gays e não têm o que assumir! Mas pergunte qual seria a reação deles se um filho(a) irmão(ã) fosse gay! Aposto que teriam uma outra opinião.
Assumir não é obrigatório. É uma conquista, e não uma atitude a ser tomada ou proclamada.
Mas existem algumas atitudes que devem ser tomadas por nós mesmos e para nós:
>Conquiste o respeito? Você terá prestigio no circulo em que vive, respeitando e sendo respeitado;
>Adquira responsabilidade: você terá a confiança de todos com quem convive e trabalha, deixando de fora questionamentos banais sobre sua vida;
>Acentue e equilibre seu caráter: você terá amigos sinceros que gostarão de você pelo que é, tornando seus relacionamentos sociais harmoniosos e positivos;
>Distribua carinho: é dando que se recebe, e a troca é gratificante.

Essas atitudes não servem apenas as pessoas homossexuais, mas sim a todos que desejam ter um bom relacionamento social. Pois eles deixam de fora todo o tempo-espaço-lugar que vivemos. Bane a idéia de que “agora é a hora” e elimina a gana que muitas pessoas possuem em saber da vida alheia.
Tempo certo de assumir? Não existe.
Assuma-se para si mesmo.
Aceite-se. Descubra-se. Viva isso intensamente.
O resto virá com o tempo, tudo no momento certo. Afinal se tivermos uma base sólida, não haverá hipocrisia capaz de nos atingir.
Bjux do gato mais flex do twitter, e até o próximo post! ;)

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